Senhor, que criastes as leis que nos regem e o mundo que
nos acolhe; que nos destes a glória solar por luz de vossa
onipresença e o manto estrelado que resplende nos céus
por divina promessa de que a vossa misericórdia fundirá,
em láurea fulgurante de redenção, as trevas dos nossos
erros: que sois a justiça dos justos, a santidade dos santos,
a sabedoria dos sábios, a pureza dos puros, a humildade
dos humildes, a bondade dos bons, a virtude dos
virtuosos, a vitória dos triunfadores do bem e a
fidelidade das almas fiéis, derramai a benção de Vossa
compaixão sobre nós, a fim de que venhamos, ainda
mesmo por relampagueante minuto, a esquecer os
horizontes anuviados da Terra, em que se acumulam as
vibrações letíferas de nossas malquerenças e o fumo
empestado de nossos desesperos, convertidos na miséria e
no ódio que se voltam, constantes, contra nós, da caliça
do tempo!... Fazei, Senhor, que se nos dobre as cervizes
sobre os campos do Planeta que semeastes de fontes e
embalsamastes de perfumes, que engrinaldastes de flores
e loirejastes de frutos, e se nos acomode o pensamento na
oração, olvidando, por um momento só, a lei de Caim, a
que temos atrelado o carro dos nosso falsos princípios de
soberania e de força, ensanguentando searas e templos,
lares e escolas, e assassinando mulheres e crianças, a
invocarmos a chacina e a violência por suposto direito
das nações!... E permiti, ó Deus da liberdade infinita, que
irmanados no santuário doméstico possamos todos nós,
ante a paz que nos requesta ao trabalho dealvando o
futuro, louvar-Vos o nome inefável, reconhecidos às
nossas deserções e às nossas calamidades a coroa de
heroísmo e o tesouro de amor que brilham em nossas
Mães.
Ruy
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