quinta-feira, 5 de abril de 2018

ORAÇÃO E PROVAÇÃO

A oração não suprime, de imediato, os quadros da
provação, mas renova-nos o espírito, a fim de que
venhamos a sublimá-los ou removê-los.
Repara o caminho que a névoa amortalha, quando a
noite escura te distância do Sol. Em cima, nuvens
extensas furtam-te aos olhos o painel das estrelas, e
embaixo, espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.
Debalde consultarás a bússola que a treva densa
embacia. Se avanças, é possível te arrojes na lama de
covas escancaradas; se paras, é provável padeças o
assalto de traiçoeiros animais...
Faze, porém, pequenina luz, e tudo se modifica.
O charco não perde a feição de pântano e a pedra
mantém-se por desafio que te adverte na estrada;
entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e
seguro, para seguir à frente, vencendo as armadilhas da
sombra e as aperturas da marcha.
Assim, também, é a oração nos trilhos da experiência.
Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma,
subtraindo-te a serenidade e a alegria, tudo parece
escuridão envolvente e derrota irremediável, induzindo-te
ao desânimo e insuflando-te o desespero; todavia se
acendes no coração leve flama da prece, fios
imponderáveis de confiança ligam-te o ser à Providência
Divina.
Exteriormente, em torno, o sofrimento não se desfaz da
catadura sombria; morte, ainda e sempre, é o véu de
dolorosa separação; a prova é o mesmo teste inquietante
e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e
inevitável, mas estarás, em ti próprio, plenamente
refeito, no imo das próprias forças, com a visão
espiritual iluminada por dentro, a fim de que
compreendas, acima das tuas dores, o plano sábio da
vida, que te ergue dos labirintos do mundo à bênção do
amor de Deus.

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