Ó Deus, nós te damos graças por este universo, nosso lar;
pela sua vastidão e riqueza,
pela exuberância da vida que o enche e da qual somos parte.
Nós te louvamos pela abóbada celeste e pelos ventos,
grávidos de bênçãos, pelas nuvens que navegam e as constelações, lá no alto.
Nós te louvamos pelos oceanos, pelas correntes frescas,
pelas montanhas que não se acabam,
pelas árvores, pelo capim sob os nossos pés.
Nós te louvamos pelos nossos sentidos:
poder ver o esplendor da manhã,
ouvir as canções dos namorados,
sentir o hálito bom das flores da primavera.
Dá-nos, rogamos-te, um coração aberto a toda esta alegria e a toda esta beleza,
e livra as nossas almas da cegueira que vem da preocupação
com as coisas da vida e das sombras das paixões,
a ponto de passar sem ver e sem ouvir até mesmo quando a sarça,
ao lado do caminho, se incendeia com a glória de Deus.
Alarga em nós o senso de comunhão com todas as coisas vivas,
nossas irmãs, a quem deste esta terra por lar, juntamente conosco.
Lembramo-nos, com vergonha, de que no passado
aproveitamos do nosso maior domínio
e dele fizemos uso com crueldade sem limites,
tanto assim que a voz da terra,
que deveria ter subido a ti numa canção,
tornou-se um gemido de dor.
Que aprendamos que as coisas vivas não vivem só para nós;
que elas vivem para si mesmas e para ti,
que elas amam a doçura da vida tanto quanto nós,
e te servem, no seu lugar, melhor que nós no nosso.
Quando chegar o nosso fim,
e não mais pudermos fazer uso deste mundo,
e tivermos de dar nosso lugar a outros,
que não deixemos coisa alguma destruída
pela nossa ambição ou deformada ela nossa ignorância.
Mas que passemos adiante nossa herança comum mais bela e mais doce,
sem que lhe tenha sido tirado nada da sua fertilidade e alegria,
e assim nossos corpos possam retornar em paz
para o ventre da grande mãe
que os nutriu e os nossos espíritos possam gozar da vida perfeita em ti.
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